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As safras e entressafras dos sambas enredos!

por Sintonia
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Ronco da Cuíca!!!

Diz um antigo ditado: “Quem vive de passados é museu!”. Pode até ser uma grande razão. Entretanto, eu prefiro uma razão maior! Ou, seja; “Viajar no tempo e recordar é viver a vida”. Sendo assim quando embarcamos na viagem dos carnavais das escolas samba e recordamos dos antigos sambas enredos, a passagem nos  leva há um passado de histórico valoroso que foi contado nas avenidas, através dos enredos das escolas de forma poética ricas em melodias e letras. Obras de compositores que tem o “dom” fantástico da poesia e o talento na arte de compor. Muitos dos sambas enredos apresentados nas décadas dos anos 60, 70, 80 e 90 do século passado e até outros tantos selecionados do atual século são memoráveis. Relembrados até os dias de hoje em muitas rodas de sambas e nas tradicionais batucadas de bambas realizadas dos redutos das periferias de São Paulo e Rio de Janeiro.

Não é à toa, onde os sambas que marcaram épocas são cantados e aplaudidos pelos velhos e novos sambistas. Sambas enredos de boas qualidades com letras e melodias poéticas. Resultado de boas safras que por anos fizeram dos desfiles das escolas de samba passagens memoráveis e históricas. “Bons tempos”!, exaltam os sambistas.

Bons tempos então!!! “Porém, ai porém… Há um caso diferente!” Pois, a modernidade e as novas projeções do Carnaval das escolas de samba trouxeram uma “onda” de muitas mudanças. Com elas a forma de escolhas de sambas enredos, que vem de entressafras de má qualidades e sem a riqueza da melodia poética.

Nesse novo cenário, sai os compositores de raízes dos redutos das escolas de samba e das alas de compositores. Entra as grandes firmas que fazem os sambas enredos. Muitas vezes “encomendados”, que não passam por disputas e do gosto das comunidades. Sambas enredos que tem o selo de “Cia.” de autores que vai desde meia dúzia até duas dúzias de pessoas assinando o samba. Composições “sofríveis” (com letras confusas e sem melodias poéticas) que comprometem o desempenho da escola na avenida. Além de cair no esquecimento dos componentes e sambistas em geral após o desfile da escola na avenida.

Embora o terreno proposto seja fértil, de vários temas em propostas fortes, históricas, antológicas, religiosas, lugares, magia, sátira ou a personalidades e trajetórias de destaques. A criatividade, talento e o “dom” poético ficam ausente no contexto final da obra que está cheia de “agrotóxicos” nas entressafras de sambas enredos para o Carnaval 2023.

Valdir Sena – Jornalista, Radialista, Pesquisador e Cronista de Carnaval.

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