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Dragões da Real leva a crônica e melodia de Adoniran ao Anhembi

por Josy Dinorah
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Após um ano sem Carnaval e faltando pouco mais de 130 dias para o Desfile no Anhembi, Dragões opta pela troca de seu Enredo pensando em um novo ciclo para 2022.

Percussor do samba paulista e caracterizado por um humor peculiar, João Rubinato, mais conhecido no mundo como Adoniran Barbosa, foi escolhido pela Escola de Samba Dragões da Real para cantar a crônica urbana de uma cidade em um processo de retomada da rotina no Carnaval ‘pós-Covid’ com o Enredo: “Adoniran”.

Com a proposta de desfilar a beleza, a simplicidade requintada e o olhar cuidadoso de Adoniran pelo povo paulistano, o Carnavalesco Jorge Silveira, contou ao Sintonia de Bambas sobre o processo da Agremiação para levar ao Anhembi a contribuição das composições de Adoniran Barbosa para o samba de São Paulo.

O que motivou a mudança de Enredo para o Carnaval 2022?

A Dragões da Real vive todos os anos intensamente a proposta do Enredo através da realização de diversas ações junto à sua comunidade. E nós fizemos isso durante o processo da Pandemia. O desenvolvimento de um forte departamento social na Escola tinha uma relação com o enredo e sua proposta. Nós vivemos isso intensamente, podendo ajudar um número grande de pessoas de várias famílias, inclusive com uma ação inédita dentre as Escolas de Samba que foi a possibilidade da Dragões reformar a casa de alguns integrantes da Escola com o dinheiro arrecadado em ações sociais.

Nós vivemos intensamente esse ciclo do Enredo “O Dia em que a Terra Parou” com a comunidade e uma vez terminado tivemos a percepção de que o Enredo, apesar de não ter desfilado no Anhembi, havia realizado todo o seu ciclo.  Uma vez terminado tinha chegado o momento de escolher um novo Enredo. Era chegado o momento de um novo ciclo, de uma nova oportunidade e eu propôs à Escola a ideia de falar de Adoniran Barbosa.

Esse é o primeiro samba com um tema biográfico da história da Dragões. Qual o desafio a ser superado pela Escola, além de um ‘pós-Covid’, para desfilar a história de Adoniran?

A linha narrativa do nosso Enredo caminha pela musicalidade de Adoniran. Não é um Enredo biográfico. Não é a história da vida de Adoniran, e sim, a forma como Adoniran representou através de sua obra musical o seu imenso amor pela cidade de São Paulo.

Vamos contar do início ao fim a obra de Adoniran. Vamos, na nossa linha narrativa, cantar as músicas de Adoniran na Avenida e como elas representam, de maneira muito enfática, o amor que ele tinha pela cidade de São Paulo. Vamos acordar o Adoniran desse sono profundo de 40 anos em que ele nos deixou. Será um autoconvite para que ele próprio possa contar o amor através das suas músicas que toca a memória afetiva de todo paulistano. Então, o próprio Adoniran vai cantar o seu Enredo na Avenida.

Adoniran, apesar do senso comum o nivelar de samba mais jocoso e sem o uso da linguagem culta, soube como poucos ter a sensibilidade no olhar ao notar as mudanças que o progresso trazia para o povo. Com uma Pandemia, que ainda não passou, qual será a linguagem da Dragões para se aproximar esse ‘novo carnaval’ do contexto do ‘novo normal’?

Sem dúvida o maior desafio da Escola, além de superar as dificuldades que a Pandemia impõe. Mas isso é uma realidade para todas as escolas. Nesse ponto estamos todos nivelados. Temos todos mesma dificuldade. Acho que o grande desafio da Escola é a imensa responsabilidade de poder falar de um dos símbolos mais importantes da música popular brasileira que é um incrível representante da musicalidade de São Paulo. Ao pesquisar a obra de Adoniran e os seus desdobramentos, me encantei enormemente com a maneira como ele representa de maneira muito enfática o que significa ser paulistano. A essência o sentimento de ser paulistano está muito forte registrado em sua obra. O desafio é materializar esse sentimento. Estamos extremamente engajados e dedicados à essa ideia. A Comunidade abraçou de uma forma muito intensa essa proposta e nós estamos muito felizes com o andamento do trabalho, graças a Deus as coisas estão andando bem. Nosso barracão está caminhando, a reprodução de fantasias está caminhando e nós estamos conseguindo produzir respeitando todos os padrões e protocolos de saúde que são necessários: com máscaras, com álcool gel e com tudo o que é necessário para preservar à saúde dos nossos profissionais.

Haverá Alas da Dragões em homenagem as demais Agremiações, que inclusive tem inscrições abertas para a comunidade dessas Escolas. Além de contar a história do Carnaval Paulista, esse foi uma iniciativa de aproximação e acolhimento diante de todas as dificuldades que foram enfrentadas até aqui?

No texto da nossa sinopse têm isso muito bem explicado. O encerramento do nosso Carnaval vai fazer referência a uma música do Adoniran chamada Vila Esperança. Na letra dessa música, ele conta que foi na Vila Esperança que se apaixonou pelo Carnaval. Foi nesse local, que é o berço das Escolas (de Samba), que elas começaram a desfilar e desenvolver seu trabalho. É uma parte importante da história do carnaval paulistano.

Lá, pela primeira vez, ele se encantou com a magia que o Carnaval proporciona. Ele é contemporâneo, testemunha ocular do nascimento de algumas das principais agremiações do Carnaval de São Paulo. Por isso, a gente reúne nesse setor, essas escolas que Adoniran viu nascer, viu crescer e viu prosperar no Carnaval.

Sendo a Dragões, a Escola mais jovem, de maneira muito honrosa, presta uma homenagem às grandes matriarcas. Saudando o samba e fazendo uma grande celebração em torno dos baluartes do Carnaval de São Paulo. Um agradecimento por todo o empenho, todo o trabalho para que a gente possa desenvolver o nosso trabalho hoje. Eles são a raiz! Eles são a matriz! E Adoniran assistiu a isso e contribuiu de maneira muito positiva para o desenvolvimento do samba de São Paulo.

Sendo o Adoniran, um dos maiores representantes do ‘samba paulista’, e tendo como uma marca popular, letras que tratavam o cotidiano da periferia de forma mais caricata e próxima dessas camadas sociais, qual a narrativa escolhida pela Dragões para homenageá-lo?

Eu acredito que o grande trunfo da Dragões é o próprio Adoniran. Ele se aproxima da memória afetiva das pessoas de uma maneira muito intensa. Todo paulistano carrega dentro de si alguma memória que se associa à obra deste artista, seja através das lembranças de família ou no cotidiano. De alguma forma, todo mundo carrega dentro de si alguma música de Adoniran que represente algo da vida. Ele foi um verdadeiro cronista da vida da cidade, uma testemunha ocular. Ele caminhava pela cidade e registrou em suas músicas as mudanças e transformações pelas quais São Paulo passou para ser a maior cidade da América Latina. Tudo isso estará muito registrado no trabalho da Dragões, através da interpretação de suas músicas (Adoniran), tanto nas fantasias quanto nos carros alegóricos. E o fato de ser um carnaval adaptado à pandemia não muda em nada o nosso sentimento. O samba continua ecoando no coração de todo mundo e a obra de Adoniran vai ser cantada com a mesma força com a mesma dignidade. A gente está muito feliz e empenhado para tocar o maior número de corações através da obra desse grande artista.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou em 04 de outubro, que o Carnaval de 2022, deve acontecer mantendo-se a queda de número de óbitos por Covid-19 e o com o aumento da vacinação da população. Se confirmado, a Dragões da Real será a última Escola a desfilar pelo Grupo Especial no primeiro dia de Desfiles, 25 de fevereiro (sexta).

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1 Comentário

Dragões da Real encerra o primeiro dia de desfile do Grupo Especial com uma homenagem ao sambista Adoniran Barbosa - Sintonia de Bambas 23 de abril de 2022 - 07:45

[…] do primeiro dia de desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial no Carnaval SP. O Enredo “Adoniran”, do Carnavalesco Jorge Silveira, encheu de cores o sambódromo na manhã de sábado(23) ao contar a […]

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