Home Carnaval SP Nenê de Vila Matilde e Lia de Itamaracá: Um Encontro Emocionante que Celebra a Cultura Popular Brasileira

Nenê de Vila Matilde e Lia de Itamaracá: Um Encontro Emocionante que Celebra a Cultura Popular Brasileira

A Nenê de Vila Matilde canta, dança e cirandeia ao lado de Lia de Itamaracá em um encontro emocionante do povo preto e nordestino. O carnavalesco Fábio Gouveia deseja exaltar na avenida toda a riqueza da cultura popular brasileira que marca a identidade do povo brasileiro.

por Josy Dinorah
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A Nenê de Vila Matilde já começou a preparação para o Carnaval SP 2024 e trará a figura de Lia de Itamaracá para mais um emocionante desfile que exalta a tradição e a cultura brasileira. Com o enredo “Um Cirandando a Vida de Lá e pra Cá! Sou Lia, Sou Nenê, Sou de Itamaracá”, o carnavalesco Fábio Gouveia quer levar ao Anhembi toda a essência do samba, da dança e, é claro, da cativante ciranda, narrando a história de uma das maiores artistas negras do país.

Com a promessa de um desfile rico em representatividade e resgate das tradições Fábio destaca a importância da união entre o povo preto e nordestino, como uma ode à diversidade cultural do Brasil, reforçando o valor das nossas raízes negras. Será mais um momento de celebração no Carnaval ao entregar as cores, os ritmos e histórias que se entrelaçam para contar a grandiosidade da cultura popular brasileira.

Foto: Felipeli

Confira a entrevista que o Fábio concedeu para o site  Sintonia de Bambas:

Sintonia de Bambas: – Sabemos que não é a colocação de uma agremiação no Grupo Especial que determina sua importância na história do Carnaval. E a Nenê pertence a esse seleto grupo de Escolas que tem seu nome gravado na história, independente do grupo que esteja.  Ela que tradicionalmente  já formou, e ainda forma grandes nomes do samba_ Conta para a gente como é enaltecer as raízes de uma escola com essa grandeza?

Fábio: “Eu tenho em mim uma única certeza: a de que, independentemente da agremiação em que eu esteja, preciso honrar a história dela e dos que vieram antes de mim. Estar em uma escola de samba também é entender seus anseios, dificuldades e traçar caminhos que a ajude e exalte sua identidade. Assim sou eu na Nenê, a escola que sempre esteve à frente das transformações do carnaval. Ela não pode ser esquecida, mesmo que momentaneamente esteja fora do especial. Isso não pode, de maneira alguma, tirar a legitimidade de uma das maiores campeãs do carnaval. Está aí o meu maior trunfo ao lidar com a história dela, seus ancestrais e os novos matildenses. Este pavilhão tem um peso muito grande, e eu o respeito profundamente. Eu precisei dele em um certo momento da minha vida, assim como ele precisou de mim, e ambos nos agradecemos todos os dias, proporcionando grandes desfiles nessa busca pelo seu retorno à frente da folia.”

Sintonia de Bambas: Muitas mulheres pretas, nordestinas e muitos outros paulistanos se identificam com a luta e a resistência de Lia,  em manter viva sua origem, sua tradição, sua arte. Abordando esse enredo na Nenê de Vila Matilde, você será o Mestre Cirandeiro para resgatar as verdadeiras raízes regionais que também são elementos sociais na formação da população da zona leste de São Paulo ?

Fábio: “A Zona Leste tem muito a nos ensinar: são guetos, aquilombamentos de uma população, em sua maioria preta. A Nenê é seu maior pilar e, vivenciando dia a dia com a comunidade e sua história, pôde iluminar ainda mais meu pensamento como militante negro.

Mas… muito antes disso, existe uma raiz cultural muito forte, o que nos obriga a levantar e exaltar, a cada Carnaval, toda essa potência. Lia de Itamaracá vem de encontro a isso, nesta retomada desta Nenê brasileira, popular e resistente. Torna-se ainda mais preciso falar e cantar cada movimento. Muita gente, na verdade, nem conhecia Lia. Neste processo de divulgação do enredo, muitas ações foram realizadas, e o aprendizado tem sido constante. Muitos estão rememorando sua infância e histórias de seus pais e mães.     Trata-se da cultura viva em um templo da mais pura tradição do Carnaval, contribuindo e defendendo a história cultural de um povo.”

Sintonia de Bambas:  Em recente conversa com o carnavalesco Renan Ribeiro  (Camisa Verde e Branco).  Renan  menciona  a força das três tradicionais escolas brigando pelo seu espaço para voltar a ‘elite do Carnaval’. Algo que víamos com muita frequência em alguns anos atrás, mas já no Grupo Especial. Podemos acreditar que essa disputa foi um vislumbre para um futuro, onde poderemos prestigiar o contar de histórias do ponto de vista do povo preto no Anhembi?

Fábio: “Não é apenas o povo preto no Anhembi, é o povo preto na história ancestral do carnaval. Vamos falar da madrinha Eunice, uma mulher preta, altiva e focada no que acreditava. Ela foi, sem dúvida, a maior pioneira em desbravar o samba de escola de samba, seguida por tantos outros, em especial os baluartes das gigantes Vai-Vai, Camisa Verde Branco, Peruche e Nenê. Essas escolas são alicerces que sustentam e construíram a identidade do carnaval paulista. Tenho dito muito em minhas palestras que o carnaval da nossa cidade tem suas próprias características e não precisa se igualar a nada, especialmente no que se refere à tradição. Essa tradição é própria e tem uma força centenária que muitos esquecem ou preferem não lembrar.

Devolver essas escolas ao especial é, antes de mais nada, respeitar os pilares. Uma aprendeu com a outra a ser quem são. Basta colocá-las juntas para sentir essa energia absurda. A história do carnaval precisa dessas escolas, e elas precisam se atualizar para o novo modelo de espetáculo, fortes e pulsando samba em sua mais pura essência.”

Sintonia de Bambas: Depois de Clementina de Jesus, podemos dizer que Lia de Itamaracá é uma das grandes divas da cultura preta brasileira ?  Cultura essa que foi apagada, negligenciada e até roubada de muitas artistas que nem ficaram conhecidas pelo  grande público. Você pretende trazer durante o desfile alguns nomes de cor retinta?

Fábio: “Lia está exatamente neste lugar, assim como Clementina, Jovelina, Tia Maria do Jongo, Dona Edith do Prato e tantas outras que precisamos evidenciar. Lia é a forma mais autêntica da nossa cultura popular. Estamos falando de uma lenda viva, e, ao contrário de muitas esquecidas, ela já escreveu sua história no universo. É nosso dever exaltarmos cada verso da vida dessas mulheres resistentes e de consciência preta.”

Sintonia de Bambas: Conte pra nós,  o que puder Claro, sobre o que veremos na Avenida no Carnaval 2024?  Quais os maiores desafios até agora e que mensagem você quer deixar para a comunidade que aguarda ansiosamente o título de campeã?

Fábio: “A Nenê vem se reencontrando com sua forma mais sublime de criar seus enredos: popular, brasileira e negra. Isso me orgulha muito, pois estou sentado nesta cadeira e crescendo junto com ela. Batemos na trave e sabemos o quanto ainda podemos acertar. Estamos caminhando para mais um desfile bonito, competente e autêntico, confiando na ancestralidade e na força de nossa comunidade. Teremos uma Vila azul, iluminada e plena na defesa de nossa cultura popular.

Ao presidente Mantega e sua diretoria, e especialmente a toda nossa comunidade, meus mais sinceros agradecimentos por toda vivência. Seguiremos então o pensamento de nossa homenageada: “é hora de juntar mão com mão e vencer. Agora é a nossa vez!’”

 A Nenê de Vila Matilde está determinada a conquistar o título de campeã e retornar ao Grupo Especial do Carnaval. Ao lado do carnavalesco Fábio Gouveia. A escola vai preservar a tradição e a identidade cultural do povo preto. E  já estamos esperando um desfile marcante e emocionante em 2024.

Com o sorteio que será realizado no dia 19 de junho, vamos conhecer a ordem de desfile para os grupos Especial, Acesso 1 e Acesso 2 com a expectativa alta para ver a Nenê de Vila Matilde brilhar na Avenida.

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

Nenê de Vila Matilde: 75 anos de carnaval, fé e tradição afro-brasileira - Sintonia de Bambas 8 de janeiro de 2024 - 15:48

[…] no Grupo de Acesso 1 em 2023, desfila no Anhembi no dia 11 de fevereiro(domingo), com o Enredo “Cirandando a vida prá lá e prá cá. Sou Lia, sou Nenê sou de Itamaracá”. Os ingressos para prestigiar os desfiles das Escolas de Samba de São Paulo em 2024 estão […]

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